segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Meu pai


Pai, quero dizer-te que, quando eu nasci havia um canto
meio chão, meio ar que navegava dentro e fora de mim

Um tempo estagnado e amparado por mãos firmes,
essas que sempre me aqueceram e que me aconchegaram
num sono enternecedor de viver

Havia um naco de luar preso a uns olhos doces e serenos
e uma leve brisa perfumada de canela e mel
que me fez crescer uma vontade de beber fôlego,
de devorar o ar, de ser!

Havia um sorriso cristalino emoldurado, embevecido,
que se aninhou por dentro das minhas e das tuas mãos

Desse toque nasceu o destino que nos uniu
no abraço carinhoso da evolução, com as semelhanças e diferenças
que um corpo pode ter

Juntos segredámos silêncios e só reconhecemos cumplicidades
apenas com um olhar, e foi por ti que abri os meus olhos
no primeiro choro de alento gritado…Aqui estou eu
a pedir permissão para sonhar ao teu lado…

Sou eu pai…o teu filho adorado!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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