sábado, 5 de dezembro de 2015

Poesia



Descobre nas entranhas no cerne da minha sede, como apelo clandestino,
que vagueia sem tino no húmus tenro e redentor do meu querer, a fonte

Descobre-me…

Embrenha-te seiva na força interna que transportas nas letras e semeia-as, delicadamente, no relevo dos sedimentos expostos pela minha pele

Descobre-me…ama-me

Introduz as tuas mãos, bêbadas de luz, na raiz do manto negro de espanto
das minhas palavras e fecunda-as de sémen, arguido dos meus poemas

Descobre-me…amo-te

Corrobora a história esculpida nos versos mudos, gravados nas rochas
aquecidas pelas altas temperaturas das metáforas, cheias de ternura, que te deixo desvendar

Descobre-me…ama-me…amo-te

Bem sabes que a profundidade dos sentimentos me transforma em Deusa-Mãe
de cada sílaba do universo, como se o teu abraço fosse a espada que mata a saudade de sofrer

E eu, que queria fugir…amo-te irremediavelmente…

Mas creio que, no final, somos ambos barro moldável na arte dos sonhos habitáveis, como linhas irreversíveis nas palmas das nossas mãos…e a poesia é vício, fonte onde bebes, e eu querendo cair em desuso…

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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