“Mãe-terra”, minha mãe mimosa
peço-te perdão pelo carrasco que sou!
Tu que me geraste no útero cálido e calmo
e que me pariste em amor, flor e luz…
Peço-te perdão por toda a dor que provoquei
nos vales em brasa, nos céus de negras asas,
nas águas turvas e rasas…
Despedacei-te inteira, minha terra-parideira
Declarei guerra aos teus recursos
e numa lei malfazeja escrevi a obrigatoriedade
da igualdade entre existir e poluir
entre corromper e apodrecer
numa perversão em pergaminhos milenares…
Aceita o eco vazio da voz calada
da criada desumanidade e regenera-te
da escuridão em que te deixo…
Aceita o perdão deste último viajante clandestino
que poderá jamais ser lido numa folha
ao vento… Como lamento…
Por isso, doo-te o meu corpo para fertilizar-te
e de alguma forma fortalecer-te. Preciso redimir-me de viver.
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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