sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Náufrago de palavras



Há um sortilégio escondido
no romantismo das palavras:
e as borboletas voam de dentro de nós
em enxame
na direção do mel dos nossos lábios.

São palavras que nos beijam
na suavidade das águas tranquilas
dos pensamentos,
espelho do amor correspondido
entre a pele e as mãos.

Elas provocam o flutuar
inocente
das nuvens de algodão
na superfície calma da imaginação
e eclodem ambrósia
nos dedos do poeta
como brisa profética.

Envolvem os cabelos na lavanda
do anúncio da madrugada
e com ela o salivar
doce
das cores do sol nascente…

Rasgo de saudade aberto de par em par.

Sumaúma brotando sílabas
de um horizonte vago
onde as folhas de papel
se esvaem preenchidas
de poemas
para os olhos amados.

Porém,
acordam as agruras do passado,
mas triunfam num abraço apertado
partindo como cristal
em mil cacos
a solidão.

Delírio de um náufrago
que continua a sentir
o espanto
do mergulho profundo
rumo ao farol da salvação.

Rosa Alentejana Felisbela
06/11/2015
(imagem da net)

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