quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Aqui jaz...


Às vezes caem-me sorrisos das mãos
quando sei que não vens ver-me

Não sei bem se é o fogo do nascer do sol
a queimar-me as pálpebras
ou se são as lágrimas a teimarem em cair

Sei apenas que amanheço
e ao longo do dia esqueço-me de viver
porque explodem solidões aqui tão perto…

Ouço-lhes os gritos funestos
e nada posso fazer…apenas escuto.

Já perdi o norte da voz amiga
por entre as músicas que tocas sem parar
e que escuto através da janela aberta

Já não sei que perfume têm as tuas mãos
ou se sabem a beijos ou à última bala
cravada no meu coração

Já não procuras a fogueira acesa do meu sorriso
e não atiças aquela gargalhada na minha escuridão
de barro (quebrado)

Desconheço as rimas dos teus passos
na calçada do dia-a-dia
e ignoro os nomes das ruas por onde passas…

Entendo todas as letras que a distância deposita
paulatinamente nos degraus da minha moradia
mas não percebo de que é feito o vaso
perfeito do amor…

Creio mesmo que plantaste uma rosa de plástico
junto ao pontal da tua praia para homenagear
a melancolia

É de pedra escura a epígrafe que escreveste
na sepultura do terror:
Aqui jaz um grande amor.

Rosa Alentejana Felisbela
19/11/2015
(imagem da net)

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