sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Maçã


Tu
que cresces na crueza expedita
da árvore a que chamo de vida,
minha sina,
ensina-se as nervuras
das ternuras
que seguras na tua pele!

Tu
que ramificas os desejos
incólumes de beijos
pelas rotas já esquecidas de mim,
indica-me o caminho
inscrito
na palma da tua mão,
meu indecoroso jardim!

Tu
que floresces a flor
da pele fantasiosa
de forma planeada e meticulosamente
adiada
sussurra-me o teu nome
pausadamente
na nua vontade
por mim nidificada!

Tu
que moras nesse fruto másculo
e meloso,
orvalhado pela madrugada,
morde-me os lábios
dos sentidos,
e como num sonho,
penetra-me os gemidos
lambuzados
na seiva que circula nas
minhas entranhas e me faz
viver!

Tu
que fazes do fogo do corpo
a minha eterna labareda
porque ficas falando
dos dias,
se isso já não me chega?

Nos teus pensamentos
enraizados no entardecer
quero ser a fonte meiga
desse amor onde quero
morrer…mas não para a vida,
que essa ainda tem sumo
que pretendo beber…
apenas para o passado cansado
como pomba
que ao voar
perdeu o arrulho
e rumou ao escurecer…

Eu quero é morder a maçã
da letra soletrada
na ramagem luxuriosa
dos teus braços,
e ainda que a lua venha “enluarar”
os nossos passos,
tu sabes que chegou a hora
do poema
nascer!

Rosa Alentejana
14/11/2014
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário