quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Âmago


Mais uma volta sobre os lençóis
amarrotados da manhã
e um simples toque
cristaliza-me os sentidos
orvalhados de hortelã,
pimenta do meu cheiro adulterado
pelo desejo de morder
o ópio dos teus lábios.

Sabor nacarado que quero
para mim, para o meu corpo,
para o apelo da minha pele…

É por ti que espero,
como cacho de uvas aguardando
pela vindima das mãos
que tanto desejo.

Sou eu a musa dos delírios
que emanas na nudez da tua arte,
quando atrevida lambo
os teus versos, com a avidez
do beija-flor, que feliz
desperta o doce canto
das pétalas do seu amor?

Diz-me ao ouvido
o segredo sagrado que guardas
na polpa dos dedos,
e abre-me os trilhos da estrada
florida, onde assumes o teu leito
de rio, e extravasas o cântico
no âmago do meu poema
de mulher…

E acordo para mais um dia
onde o aroma do café se mistura
com as palavras de ternura
murmuradas pelo silêncio
em que te sinto perto
na vertigem do que é certo
ou errado
para alguém entender.

Rosa Alentejana
12/11/2014
(imagem da net)

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