domingo, 2 de novembro de 2014

Sentes?


Bebo o vinho presente
em cada palavra defraudada
pelo silêncio deste infinito
de letras silentes,
que vibram na polpa
dos meus dedos…sentes?

Infiltram-se no meu sangue
como droga faminta
das minhas ideias
e dos meus sentimentos,
em longas vagas sussurradas
no meu ventre,
nas minhas têmporas,
no meu peito
e na vulnerabilidade dos meus lábios
agora dormentes…e tu sentes?

Eu transpiro sílabas
num delírio febril e amargo,
compilado nas frases sedentas
pelo hálito do som
que não escuto
do mel da boca amada…ah!

Eu morro no veneno do tempo
descrito em sonetos,
quando me caem métricas
emparelhadas em lonjuras,
quando a gramática da vida
sai batendo a porta, ereta e rígida,
quando a pergunta retórica fica no eco
de um futuro clandestino
e amarfanhado no meio do chão…
mas tu sentes?

É apenas o bombear público
do músculo frágil
que é o meu coração!

Rosa Alentejana
02/11/2014
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário