segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Repara...


Repara, sou eu a flor com vida, que convida os teus olhos ao passeio pelo apelo da pele nas pétalas do meu corpo, colírio secreto para as pálpebras semicerradas de mim.
E sou também a seiva que pulsa nas veias com sabor a verde vinho embriagante e que semeia o odor ilícito na raiz dos teus sentidos, transformando em bálsamo esse sorriso fascinante do cálice dos teus lábios tão queridos.
Também sou fruto fecundo poisado na fornalha da polpa dos teus dedos, quando em brasa germino no mel em flor dos murmúrios dos teus segredos.
Ah…e sou o ventre da terra, a guarida guardada para o abismo aberto à sede da tua boca, quando segregas o desejo safado albergado na tua saliva!
E por fim, sou mar macio que revolve as tuas amuradas e sorve sôfrego, o cio das tuas palavras carinhosas, amadas, que fomentam o sonho de tocar-te em ondas emplumadas.
Rosa Alentejana
17/11/2014
(imagem da net)

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