terça-feira, 28 de junho de 2016

Dos sonhos (a)mar


De olhos vendados pelo sono às pálpebras,
dormentes p’lo frio da noite,
abandonada ao “deus dará” dos tristes sonhos,
cubro os ombros com o xaile do fado,
deixando os pés nus
de quem percorre quilómetros
de nuvens geladas…

Sinto o cheiro da madeira penetrar
amargamente
nos sentidos adormecidos
e duas lágrimas sufocam
a escuridão da minha ilusão
num tolo versejar…

Aproxima-se o som do mar
que me consola o respirar
tranquilo
dos resquícios das alegrias
loucas, marejadas…

Desperto para o dia insólito
no albergue
fazendo a fronteira
entre o sonho e o amor ao mar
sem o peso diário
nas minhas costas…

Sinto a boca seca
morrendo de beijos
quentes
no ar da silhueta bailando nas ondas
tão longe…tão longe…

O mar…é a sepultura a prolongar-se
de olhares pesarosos
e quebrados de choro
e as gaivotas
cantam à maresia dos olhos
como carpideiras
de sol esventradas!

Só o ouro do engano
me molda a pele
numa vaga
vingada.

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário