domingo, 27 de setembro de 2015

Ilumina-me e faz-me crescer!


Oh Zeus que sobre o cume dos cumes mais altos nesse Olimpo distante estás sentado!
Agora que terminou a primavera dos poemas cobertos do deleite da ambrósia e frutos silvestres, neste outono da vida, que me cobre o olhar de prata e ouro, atenta!
Repara na crosta de rugas que me cobre o tronco e diz-me quanta dureza ainda se espraia sobre a minha fronte, e eu mereço-a?
Bem sei que, por vezes, o vento torna-se agreste e envolve-me os sonhos de ruídos assustadores, de uivos agoirentos e do ribombar estridente dos trovões, enquanto as bátegas, zangadas, tentam vergar as minhas emoções, e os gritos da tempestade fustigam os meus ouvidos…
No entanto, nunca te esqueças das minhas raízes profundas no barro que tão bem conheço, feitas do ferro de que a idade me fez herdeira…elas dão-me de beber a fantasia e a inspiração que mereço, bem como a vontade de viver!
Sei bem que os meus ramos crescem na direção dos céus em prece e que já foram cortados (como a liberdade) vezes sem conta, mas eles são como os braços da “estrela-do-mar”, renascem sempre mais e mais com vontade de ficar! Sou prisioneira da vida, o que me deixa com o coração a bater de seiva bruta plena de amor…
Esses ramos encontram-se, agora, cobertos de folhas coloridas, que refletem o arco em íris trazido pela chuva, rubras do desejo que pousa sobre o pote de ouro onde mergulho e busco as letras com que escrevo para me entreter! Cubro-as com o pó que as musas soltam e invento alegorias quando a lua vermelha me vem ver…
Zeus, ilumina-me e faz-me sempre crescer!

Rosa Alentejana Felisbela
27/09/2015
(imagem da net)

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