quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A constelação do Golfinho


Quando te digo que és a âncora que me segura a este mar-chão desejoso de ser conquistado pela esperança dos sonhos, julgas que não estou a falar a sério. Sei bem que tenho remos e que não existirão apenas vendavais a levantar ondas abissais, e que também existirão dias de calmaria, de bonança no equilíbrio de horas periclitantes. Porém, depende de mim e das velas que norteiam os sentimentos que nutro, o rumo da minha embarcação. Neste momento voo sobre ondas infinitas de prazer na tua direção. Mergulho nessas águas cristalinas dos corais que descreves com essas mãos de marinheiro-doce e deixo-me afogar de amor, amor, amar, amar…enquanto o êxtase se espalha e espelha no meu olhar, e ficas a brilhar na minha pele dourada e arrepiada de ternura! Só tu enfeitas o meu corpo de pérolas cintilantes de desejo. Sinto-me nereida de cabelos de algas ao vento, quando enleias os teus dedos num afago meigo como vagas, nos meus pensamentos mais íntimos sempre que deito a cabeça no teu colo. E sinto que tudo posso. Não posso? Só tu me contas as histórias que me embalam durante a noite e me fazem sonhar com esse mundo onde o oceano nos é eterno de partilha. Só tu perdes o teu tempo num discurso onde os sons do mar marulham e compreendem os meus porquês. No fundo, sopras-me brisas delicadas de entendimento na profundidade que assumo como nossa e que, jamais, alguém entenderá. É o nosso capricho, proibido por Poseidon de tridente na mão, mas abençoado por Nereu, na sua infinita sabedoria e justiça. Apenas porque somos metades de um todo uno, a estrela mais radiosa na constelação do Golfinho!

Rosa Alentejana Felisbela
17/09/2015
(imagem da net)

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