segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Despertar moribundo


Experimento um vazio esmagado, endurecido no esforço de ficar em pé, de maneira a que, não há estaca de osso que me deixe na vertical, tal é o tamanho da minha solidão.

Sinto um cansaço nas pálpebras dos sonhos que já não tenho, porque me choram as ilusões, num choro triste e monótono e abafado.

Estou demasiado sensível ao cheiro a bafio que me escorre pela pele delgada e envelhecida da demora e causa-me agonia e quero apenas matar o dia, hora a hora a escurecer-me…

Aspiro o sono numa vertigem de grito sonâmbulo preso às cordas vocais, e num voo picado sobre o meu âmago, desdobro-me em dores infernais!

Pudesse eu tocar a sombra que não vejo! Pudesse eu abraçar o corpo que não encontro! Pudessem as minhas mãos transbordar as emoções que me consomem!

E acordo do pesadelo, como se a berma fosse a rádio sintonizada na música do teu nome e eu…ainda sinto o arrepio deste entristecer!

Rosa Alentejana
29/09/2014

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