quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Lê-me a alma na parte côncava das mãos


Não sou senão terra ressequida aguardando as bátegas descaradas das tuas loucuras, nesse arrepiar mundano onde cada torrente de palavras desmedida sacia o vício, mas nunca a sede…

Não sou mais do que sombra escondida na mais recôndita escuridão de solidão, onde o frio instalado anseia o calor do teu sol de devassidão, numa busca interna desse fio forte de luz…

Sou apenas o cálix da rosa, pronta para receber o prazer do teu prazer, nesse misto de querer e autorizar essa partilha ainda antes de acontecer, no verbo prometido, contido, no nosso único entender…

Sou só a batida do coração que és tu, numa combinação perfeita entre o desejo e a aspiração de toques, de sentires conectados nas metáforas das palavras lavradas no céu etéreo e tão terreno…

E sou a porta aberta ao teu entendimento, quando conténs a chave perfeita para esse entrosamento desmedido, cobiçado pelas bocas a arder em poemas, pelas labaredas transcritas pelas mãos, pela sensualidade descrita nas folhas brancas das peles transpiradas…

Silencia essa torrente de versos análogos e respira o ar que me rodeia.

Permite que a emoção descrita nos meus olhos se dispa dentro dos teus.

Consente que as chamas se libertem na fogueira ardente das nossas almas.

Lê tudo isso na parte côncava das minhas mãos!

Rosa Alentejana
24/09/2014
(imagem da net)

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