sábado, 20 de junho de 2020

Tranquilidade


O cheiro das ervas, das eras, das violetas, do rosmaninho infiltra-se nos meus sonhos constantemente. Quantas vezes abraço um eucalipto, um sobreiro, uma oliveira como se de braços se tratasse. Ouço o bater do coração da terra sagrada nos troncos. Ao longe, o voo repentino de um bando, brandindo as asas num respirar de infinito e vontade de liberdade, chama-me. Os cascos dos animais e seus chocalhos chocam-me a atenção. Ao virar-me para o Sol sinto o calor dos versos, a magia das rimas iluminando a minha imaginação. Uma ternura rosada emerge das minhas mãos formando uma bolha onde um lugar fica vago. Letras imersas em amor dissolvem-se em átomos sorrindo nas linhas douradas das palmas que tão bem conheço. Um poder alquímico alvitra que está na hora de mergulhar no azul do oceano da minha introspeção. Os meus olhos abertos seguem sempre a mesma direção.

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
20/06/2020

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