domingo, 21 de junho de 2020

Fábula


Hoje não vejo as garras afiadas da tristeza, sobejam-me possibilidades! Sinto a mão macia da benevolência, afrodisíaco da alma maior. Brotam grilos e cigarras das bermas das estradas onde caminham os meus pensamentos. Transbordam borboletas, entre barrancos e valetas para céus de tule e esperanças que eu tenho. Um rosmaninho quedou-se atento ao movimento do meu corpo, virado para norte, como os búzios do passado. A papoila acalenta o perfume que tem a rosa da minha pele e dança a dança do sol brilhante. Meus braços são alados, dois marinheiros afogados na serra que alegria encerra. Meus pés reúnem pirilampos caminhando passo a passo, conhecedores dos recantos que me levam à constelação. Acendo a vela de alecrim, iluminando o perfume que o eucalipto namora. Sou eu a certeza de outrora. A maga de manto branco, sobre o corpo vibrante. Um fio de estrela escorrega e pela sombra sabe o lugar exato onde a vida recomeça. Sou a “Fénix” feliz, efabulando o futuro que sempre quis!

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
21/06/2020

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