quinta-feira, 18 de junho de 2020

Mantra mágico


Dorme o teu nome na minha boca, solta-se a Lua, lucerna do céu. Aconchego os teus olhos quando te chego ao colo, retiro-lhes o pó estelar com as minhas mãos mudas. A tua boca arrisca o sorriso raso que me conforta. Fecho a porta perto do peito, para não entrar o ar com a poeira da maldade. Abro os braços e desembaraço-me das feridas feitas por falsos testemunhos. Canto-te o mantra da mãe natura enlaçando as nossas mãos, caídas nas mantas sem ruído. A lucerna cabe-me na concha que deposito a teus pés. A luz intensa acende o incenso perfumado do quadro na parede. Nessa foto, sou eu a menina casadoira de vestido branco e coroa de flores sorrindo de felicidade e esperança, num tempo em que as horas eram eras subindo os muros brancos. Porque não vens despido de mágoas? Porque não colhes as flores para me enfeitares o peito de mulher feita? Sou eu quem te doa o sol, a lua e o fogo. De uma só vez acorda o teu nome na minha boca…TU. Meu mel de mar bravio.

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
18/06/2020

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