Há um grito
líquido
na minha boca
Um azul de mito
límpido
pela minha roupa
Escondo as mãos
lavadas
na tua maré
No universo, um trovão
na linha
da ausência - a fé
Um momento ficou
num recanto
onde o horizonte pecou
O teu colo quente
de espanto
surpreendido suspirou
Com o calor da fala
desejada
que enfim se calou
E no beijo rouco
p’lo abraço
que a saudade traçou
O tempo suspendeu-se
No perfume a açucena
da flor
que perdeu (uma pena)
a pétala
o estame
Sabendo que no mundo
não há mais ninguém
que assim
te ame
E o tal grito de encanto veio
e na tua direção
se soltou!
Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
12/04/2020

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