quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Monte sereno


O pio da águia
seguiu céu afora

Guinou para a esquerda
direita agora

E o pato mergulhou
na água sem fundo

Só esse som se escutou
nesse pedaço de mundo

Uma ovelha baliu
remoendo a verdura

E o pastor aquietou o cão
num açoite de secura

A cegonha batendo o bico
numa voz feita de noite

Lembrou que era tarde
e no monte não há quem se afoite

O sol se escondeu
e num meio sorriso

o poeta desapareceu
naquela espécie de paraíso

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
06/01/2020

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