quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Sorriso doce de outono


Peço-te que me transbordes o outono nos olhos de troncos hirtos de castanho, nos lábios de romã vermelha, nas mãos de andorinhas grávidas de amor brando. Afaga-me os sonhos de nozes caídas em chão de folhas secas, e soletra-me o amor ao ouvido. Mostra-me as palavras frescas que a brisa vem sussurrar na pele arrepiada das águas. Traz-me o agasalho do manto alaranjado que tem o céu do sol por trás dos montes. Inspira-me o perfume que as rimas abrasam nas minhas veias. Desconheço a encruzilhada onde a fogueira arde. Não procuro as bermas que se ajustam ao corpo sem teto. Abro os braços à chuva e sigo as pegadas do teu sorriso. Ainda hei de sentir a impressão digital que me ficou na boca descomposta, entre os cabelos libertos de futuros, na marca vermelha entre os seios encrespados de “ais”, sobre o ventre de terra fértil de alegrias…Ouço os teus passos na areia silenciosa e o coração dispara murmúrios de fantasias, e a tua doce gargalhada. Só assim me sinto feliz!

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
19/09/2019
(IMAGEM DA NET)

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