domingo, 8 de setembro de 2019

Chuvisco


Há um chuvisco guardado na nuvem pesada de céu. O vento cativa o cheiro a terra molhada. Uma poeira arenosa vasculha os cantos dos olhos e ficam a relampejar raios de sangue por dentro do branco quebrado do globo ocular. Sinto o vidro rachado do brilho arranhando com unhas de tristeza. Por fora há uma torrente que me escapa, conhecendo a tua ausência por dentro. Esse sal que ecoa no silêncio das palavras que conhecemos amarfanha-me a alma vazia de tão cheia! Suplico-te a pureza da razão, o segredo da verdade sublime…Do céu tombam, finalmente, flores da cor do arco-íris, colorindo os abraços dos amantes. O poema é um gesto diluído nas linhas de uma nova página.

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)

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