sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Inocência


Para lá da utopia que trazem as promessas, deixamos a porta aberta para os sonhos. Eles que são feitos da magia que esquecemos, frequentemente, sobem como balões de tempo, rumo ao oásis da nossa inocência. Ela reside no mais recôndito espaço que mora na inconsciência. Ela brilha numa miríade de estilhaços caindo no olhar, como se uma chuva pirotécnica de feira se abrisse de par em par. E cada gota é capaz de despertar em nós a força acobardada nos medos, nas fragilidades. Perante o espetáculo do futuro, uma boca de espanto abre-se, deixando cair cada novelo de solidão, cada fiapo de tristeza, no chão da fantasia. Aí germinam lírios de alegria azul, rosmaninhos de regozijo rosa, alecrins de sorrisos verdes, e solta-se um perfume inebriante para os sentidos. A dança onde dormimos seguros desliza para a pista num passo arrojado em pontas de algodão. E giramos nos braços de mais uma ilusão, num novo porto seguro.

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
27/09/2019

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