sexta-feira, 17 de março de 2017

Loucuras


De vez em quando assolam-me loucuras, daquelas que deixam marcas, sem eu querer. Daquelas que me deixam a pensar se sou lida, se sou interpretada, ou se vale mesmo a pena estar ou ficar...Nessas alturas escrevo e fica a pairar a interrogação:

Loucuras

Há um desencanto
percorrendo a ladeira inclinada
do desassossego,
e uma lágrima de saudade,
lenta,
inclinando o momento esférico
para o canto do olhar.

E o soluço cândido,
escondido sob o rubor das faces
contraídas,
escala um sorriso triste,
nos lábios inversos
ao curso do minguante da lua
(maré aberta ao chegar
e partir do areal do rosto).

Só o momento ilusório,
criado pela derme algodoada
dos teus dedos,
florescendo ternuras,
consegue corrigir
a rota da corola labiada
dessa curvilínea flor,
onde um jardim confesso
brota
da gravidez rosada das loucuras!

Rosa Alentejana Felisbela

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