quinta-feira, 23 de março de 2017

Igreja da Misericórdia


(A história da igreja é verídica, eu só arranjei as rimas para o programa da http://viseualiveonline.listen2myshow.com/ )

A Igreja da Misericórdia
É bem linda, por sinal
Mas não gerou concórdia
Quanto à função inicial

Para açougue municipal
D. Luís gizou a construção
Mas a beleza tão original
Ditou-lhe outra, pois então

Sabem que açougue era o talho
Para bichinhos esquartejar
A modos qu’ a coisa f’cou d’encalho
Até D. Luís ordenar:

“Esse edifício de pedra mor
Qu’eu mandei edificar
Mal empregado é no labor
De animais aí matar

Vai ser igreja da irmandade
Da Misericórdia local
Que Deus ainda há de
Achar qu’é pecado capital

Usar as arcadas tã manêras
Marcadas p’la verticalidade
P’ra prender as bestas entêras
E apois cortá-las sem caridade…

E as nervuras apoiadas
Nas colunas coríntias
Dã-me nervos sabe-las esfoladas
E podendo gerar angústias

Agora só lá quero o púlpito
Pr’ós sacerdotes falarem
Abençoando o espírito
Dos que lá se assentarem

E esqueçom lá a “loggia”
E as parecenças com Florença
Qu’agora é outra história
Vai ter outro tipo de crença

Que Deus abençoe os animais
O novo, o velho, o frade e o sacristão
E nem berros, nem balidos, nem ais
Nunca mais aqui s’ouvirão!”

Mal sabia o infante real
Que as suas nobres decorações
Iriam pr’ó museu regional
Causar grandes admirações

Mas a igreja lá ficou
Para a eterna posteridade
Cada pedrinha vingou
Terramotos, vendavais e até a idade!

É um emblema de racionalismo
Um exemplo d’ arquitetura
Do renascimento e maneirismo
Que até hoje lindo perdura!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem do Portal de Beja)

Sem comentários:

Enviar um comentário