Ainda há pouco abriste
a porta
do quarto arrumado
a pés silenciosos,
e já o abraço se soltava
como vacilo de mar
embatendo
na deriva dos braços amados.
Na troca de olhares
subscreveste anseios,
desvendaste mistérios
e entregaste palavras
na bandeja da saliva
que misturaste
em forma de coração
para matares a sede.
Ostentavas a maciez
da pele madura
e não escondias
os sinais marcados
pelos caminhos menos
felizes
percorridos com acidez.
Soltaram-se segredos revelados
e partilhados
na medula da consciência,
sem pausa para respirar,
porque o tempo urgia.
Levantaste o escudo
e esboçaste a frescura
na pintura dessas ganas
expressas em poemas
rimados
com as cores do dia
e tanta ternura…
Mas, foi quando inclinaste a cabeça
e mostraste a inocência
do grito rouco
que a energia
do ponto fulcral se espalhou
qual pedra caída no centro do lago,
em longos círculos
até às margens
e se espelhou a franqueza
da realização
concêntrica do prazer.
Ainda as sombras se alongavam
na frescura das paredes
e já o perfume se entranhava
nos poros aveludados
pelas frestas das janelas
e as cortinas não chegavam
para cobrir o dia.
Foi-te devolvida a vida
em segundos mágicos…
como sentimentos clássicos
de amor permitido
entre as aspas platónicas
do vosso olhar.
União sublime
entre o espírito cultivado
e a cultura sonhada
pelo encantamento
expresso num diálogo
subliminar
presente nas entrelinhas
de uma paixão.
E todos os dias
repetirias a lenda
ao filho que breve
nasceria…
Rosa Alentejana Felisbela
06/08/2015
(imagem da net)

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