"A língua girava no céu da boca
Girava
Eram duas bocas, no céu único"
Carlos Drummond de Andrade
Aconteceu
No instante antes do beijo
só sentia sol e desejo
e fagulhas específicas
fulgurando da pele
Enquanto isso, a natureza
embrenhava-se no perfume
a melaço resguardado
no significado do abraço…
Ainda as estevas floriam
desabrigadas da sombra
e abriam os gestos vagos
próprios do encanto
do início do dia…
Como doces afagos
à solidão…à melancolia
Depois os lábios adocicados
naquele toque simples e inteiro
de quem quer mais mas receia
que seja…o derradeiro…
Mais tarde o encontro
das línguas
na devassidão do oceano
numa explosão de prosas
de ondas a embater nas rimas
numa escrita de rosas
confiadas ao altar profano
da praia plena de ousadia
E subtilmente
surge o céu
único
e deslumbrante
azulando a fantasia
e o beijo…aconteceu!
Rosa Alentejana Felisbela
15/07/2015
(imagem da net)

Sem comentários:
Enviar um comentário