quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Rasgarias tu o poema?


Sabes, sonhei em rasgar o poema. Rasgaria em fitas ou faria foles para acender o pavio dos desabafos. Rasgaria, à cautela, todas as letras, vogais vagas e consoantes consoante o burburinho formado, precavendo a resolução final. Só guardava uma palavra, para saborearmos juntos, à beira do beijo largo. E com o som soberbo do afago da lira embriagada à nossa volta. Então, fluiriam palavras bailarinas num “plie” ofegante de cópulas, tudo feito pela procriação de um poema decente aos olhos atentos da dança…Depois? Descansarias nos meus braços, embalado pela letargia da ternura, adormecendo cansado da volúpia do mito que criaria à nossa volta. Voariam os restos ao sabor da brisa dos verbos abertos. Precipitar-se-iam rituais de consolo pela inspiração do momento…Mas no final, rasgarias tu o poema?

Rosa Alentejana Felisbela
26/10/2017
(imagem da net)

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