quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Corrosivo


Sobre a porta fechada
há um silêncio corrosivo
que bate desenfreadamente
segurando a desordem no batente

Ali mesmo, rente ao número
conhecido, a extinguir-se,
salienta-se a fundura da sombra

Ainda não sabe, nem conhece
o anel de fogo do sol
ou o branco ditoso
do perfeito lençol puro

Vai morrendo
sentado na pedra molhada
envelhecendo
do limiar daquela entrada

E o rumor do trigo de outubro
vacilante no espelho d’água
do poço defronte
extingue o rosto junto aos juncos

A queda
do sorriso que a boca encerra
seca a terra pela frincha
da fechadura…fatigada e só!

04/10/2017
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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