sábado, 3 de dezembro de 2016

(a)provar


Surge a sede primordial
pelo vinho robusto
– e honesto?

qual sonho abafado
– salutar ou funesto? –

em rolha reprimindo
a boca – a censura –

e o lacre singular
selando a garrafa
no mar – de ternura? –

deita-o em copo
transparente – cama real?

e vê da limpidez
– lençol de pano cru –
frugal

e agita o movimento
de círculos risonhos
– o peito nu –

as lágrimas escorrendo
– doce, doce, ilusão –

inspira profundamente
– sensação estonteante –

prova o gosto – o aroma –
e é paladar de fogo posto
ardendo

ato de puro indecoro
na mão silente – rosa rubra
em botão

– agora, memória tão distante…

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário