sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Morreu-me o sorriso



Morreu-me o sorriso
na rouquidão do grito
içado na palavra
presa ao meu sonho

Estilhaçado em mil cacos
num alastrar contagiante
como epidemia
gritante

Dilacerou-me o âmago do olhar
e desfez-se
em sacos lacrimais
Em sombras
por trás da retina
da neblina

Aniquiladas as amarras
soltaram-se fados
desgarrados
Cantados em tons de escuridão
estridentes até mais não…

Choveram corvos
de asas negras
pardacentas no céu da escuridão
Esvoaçaram em curvas penadas
como almas malvadas
traçando riscos
até quebrarem os bicos
no sangue bombeado pelo coração!

Só.
Pó.
Nada.

Morreu-me o sorriso na boca
silenciosa e abafada.

Rosa Alentejana

(imagem de destemperodaalma.blogspot.com)

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