quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Tête-à-tête



Como uma chama estranha
que se entranha
na façanha cálida
das labaredas áridas,
os nossos olhos safados
e endiabrados,
como cruzeiros
que se cruzam em afagos
de desnortes, tão torpes
nos enfoques distantes,
os nossos corpos
encontram-se,
deslizantes
como flechas certeiras
no ninho dos degredos,
contrariando
todos os doidos enredos,
traçando caminhos
por entre os carinhos travessos
nos nossos travesseiros,
lençóis e cobertas,
libertas de tanto imaginar
e criar mundos
mudos, e sós, num tête-à-tête,
num emergir de sonhos
sem medos,
onde apenas o toque dos dedos
importa, pois
ambos fechamos a porta
do segredo segredado nas bocas
do entardecer,
naquele terno lamber
de frutos mordidos,
de pernas e braços,
enlaçados em lavas
de cálidos pecados,
suados…numa procura
na loucura de se ter…


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