segunda-feira, 5 de março de 2018

Tritão


Tudo o que tenho
é água turva
naquele regato

E não contenho
o vento a revolta
a curva do recato

Levanta sonhos
redemoinha
e arrasta ingrato

memória doce
daquele rosto
lindo e risonho

Quisera o rio
no embaraço
do nevoeiro

ou o piar
de uma gaivota
o dia inteiro

Quisera a ponte
ou um abraço
daquela foz

Levada em braços
p’la voz viril
do marinheiro

ou então vergada
p’lo bardo duro
-capaz timoneiro-

amparar a rocha
do rabelo
traiçoeiro

beijar as ondas
uma a uma
do seu cabelo

gravar-lhe o nome
no meu corpo
e jamais prendê-lo

Rosa Alentejana Felisbela
05/03/2018
(imagem da net)

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