terça-feira, 20 de março de 2018

Devagar


Agarra o ovo
o verde a vereda

e vê o vale
e a planície distante

recorda a poça
perto do monte
recorta a silhueta

e esconde-a
longe
do mirante

roça a asa da ave
e deixa que a lebre
escave a toca

depois
abre a boca
de surpresa

e encaixa a cor
castanha da terra
e a manha da flor

sussurra o som
da abelha zumbindo
ao ouvido da primavera

e escuta o sol dormindo
defronte da fonte
da espera

chega de vez
nos braços da natureza
em chávena a fumegar

bebe o eco do vento
e devota uma oração
aos meus olhos nos teus

devagar, bem devagar…

Rosa Alentejana Felisbela
20/03/2018
(foto de Maria Manuel Neves)

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