sábado, 9 de julho de 2016

Ébria de poesia


Fiquei neste cais vinhateiro
à beira das palavras revoltas
como ondas
em dia de temporal,
e as sílabas de gaivotas (tontas)
gritaram de saudade atónita
no meio do vendaval.

Os meus olhos embateram nas rochas,
como muros construídos à poesia,
e ainda agora a água,
salgada de sal,
me arranha a pele
do nascer ao fim do dia.

Se a coragem destas letras
me emergisse do mar profundo,
não haveria prosa nem verso
que não fosse o farol do mundo!

Sou a deriva da falésia
onde convergem sonhos
de brancos barcos,

a vela solta que entontece
com os nós do quotidiano
em acentos tónicos e laços lassos…

Sinto a humildade das quadras
na humidade da espuma
que me beija a planta dos pés
e as palmas das mãos como nuvens
de sumaúma…

Mas hoje irei soltar o meu melhor voo
desd’este cais transversal ao mar
e vou rasgar as nuvens do palato
num paliativo planar entre palavras afiadas
pelo silêncio e o pensamento abstrato

e por fim…

sussurrando indecências
ao sol cinzento da chuva
saciarei com paciência
a fome de um poema
no brilho casto
de uma uva.

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

1 comentário:

  1. Ébria de poesia,
    também de imaginação
    tem perfume de simpatia
    essa Rosa em botão.

    Não terá sumo de videira,
    terá, pois, amor no coração
    seja feliz com ele a vida inteira
    numa verdadeira paixão.

    Sobre ele coloca a sua mão,
    sem pressão para o não magoar
    não o deve contrariar nunca, não
    nem o seu sossego perturbar!

    Boa noite e bons sonhos.

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