quinta-feira, 8 de outubro de 2020

As sete bruxas

Sete bruxas se encontraram. Sete juras se firmaram na encruzilhada escura. Sete unhas rasgaram ramos e sete lareiras acenderam. Por luz traziam sete velas, as sete bruxas mais belas que a noite já pariu. Sete línguas arrastaram, pela terra. Sete vezes piou o mocho, de olhos arregalados. Sete gritos ecoaram nos sete cantos do mundo. Sete pecados vibraram num sismo atroz, bem fundo. Sete sombras se ergueram bem alto, e tão alto que os céus tocaram. Sete anjos acordaram com seus braços erguidos. Sete rezas rezaram e correram e voaram, e as lareiras apagaram, esconjurando as setes bruxas. As luzes das velas pingaram, na escuridão formaram e multiplicaram cada uma sete estrelas. Por isso, o céu fica tão iluminado, com as estrelas guardado, pelos anjos que as benzeram. E as bruxas correram, gritando de medo e susto, seguindo o seu Belzebu. Felisbela Baião 08/10/2020 (ilustração de Paula Rego)

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