segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Soletrar? Não, obrigada!


Nunca gostei de soletrar. Era uma mania que eu tinha, ler a palavra de uma vez. Se fizesse pausas, corria o risco de não dar a entoação que a dita merecia e perdia o fio condutor do discurso que lia. Sempre fui de começar para terminar rápido. Com todas as ressalvas que merecem as pressas (a minha mãe dizia-me que “depressa e bem, não há quem”, e eu pensava “deus não pode estar em todos os lugares, por isso fez as mães”, mas ficava com a minha mania). Depois da leitura vinha a pressa para reproduzir às minhas amigas o que havia aprendido, mas elas não seguiam os mesmos pensamentos (tinham outros interesses) e lá ficava no meu cantinho sozinha. Quando me tornei adulta continuei com esta pressa, e por isso comecei a escrever, com a raiva de quem se esqueceu de falar. Agora grito com as palavras o que o coração foi privado de dizer, mas a minha voz só chega aos corações preparados. Não há maior ternura que receber as palavras na caixa do correio do coração, sobretudo de quem é verdadeiramente amigo e não se deixa levar por qualquer mesquinhice passageira. Serei sempre aquela menina cheia de pressa para entoar, sobretudo, a palavra AMIZADE!

Rosa Alentejana Felisbela
29/01/2018
(imagem da net)

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