sábado, 27 de maio de 2017

Meu Alentejo


O coração do Alentejo bate ao ritmo próprio da madorna da mãe terra: um ninho fértil.
Esta terra acalenta a raiz de cada planta, dá vida ao girassol e ao rosmaninho. Produz a salsa e a hortelã. Gera o coentro e o alho. E são tantos os perfumes pela manhã, que semeia ao derredor, que não há quem não goste de saborear o que tem de melhor…inclusive o gostoso azeite na açorda!
Com o tempero do tempo torna-se no casulo perfeito para o brotar do mosto eleito, esse que nos delicia ao beber: o vinho.
E na sua extremosa metamorfose, acolhe lá bem no cimo das árvores a cegonha, encobre entre as ramagens o voo do estorninho e esconde entre a vegetação rasteira as cores da abetarda.
Mas quando sopra o vento levante, na aurora desse instante, ouve-se o “ponto” sozinho: é o cante, embelezando o som de cada fonte, matando a sede da “moda” ao caminhante, que vem descendo a ladeira do caminho. Levanta-se o pó da estrada, da cor do barro moldável, e lembra-me a “quarta” ou “enfusa,” que antes transportava a água fresquinha.
E é este sul de trigo, tão trigueiro nas faces, que mata a fome de pão e me faz criar asas…Tenho-o tatuado nas veias, num azul de céu e harmonia ao compasso do coração, batendo ao ritmo da madorna, e que nos convida à fruição.

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário