quinta-feira, 20 de abril de 2017

Leituras


Quando me leres,
amor,
não leias
apenas que te adoro!

Lê os fantasmas que me assombram
Lê os muros que me envolvem
Lê as estradas vagas e negras

Mas lê também a ternura dos “ais”
que eu entorno

Lê a pauta dos abraços que te embalam
Lê as lacunas abertas nas paredes
e o ranger dos meus lábios

Lê a sina de sermos sábios
e a fome que rói o choro
a corroer

Lê o que digo, mas o que não digo
também


amor,
lê as ondas do meu mar
de espigas

e as entrelinhas que conheces
como ninguém


amor,
lê as pegadas na areia
e o decalque
que os meus dedos
deixaram na tua pele

souberam-te bem?

Então lê
e levanta o abismo
que as letras escavam
mesmo que caminhes sobre a água
e o milagre aconteça
Aqui
ou Além!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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