Se tu soubesses
quantas mortes mareiam
as minhas entranhas
quantas pedras de sal
se equilibram na precariedade
real
do fundo dos meus olhos
quantas angústias bravas
trepam pela minha alma
como heras
e me tapam com as folhas
a calma da saudade
se tu soubesses do humor
líquido
plantado pela tua voz
que me incendeia a raiz
da sede
e se estende
desde a minha terra
até à tua foz…
se tu soubesses a cor púrpura
que me assalta a luz
na procissão desta multidão
que me acompanha a nudez…
se tu soubesses (e desejasses)
cobrir-me os pés
com as cores que a primavera evoca…
não seriam necessários rios
nem socalcos
porque o amor brotaria
e só haveria felicidade
nas canções
que não escutas,
nas palavras
que não lês…
Rosa Alentejana Felisbela
13/04/2017
(imagem by Leonid Afremov)

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