quinta-feira, 13 de abril de 2017

hipoteticamente

Hipoteticamente

Se tu soubesses
quantas mortes mareiam
as minhas entranhas

quantas pedras de sal
se equilibram na precariedade
real
do fundo dos meus olhos

quantas angústias bravas
trepam pela minha alma
como heras
e me tapam com as folhas
a calma da saudade

se tu soubesses do humor
líquido
plantado pela tua voz
que me incendeia a raiz
da sede
e se estende
desde a minha terra
até à tua foz…

se tu soubesses a cor púrpura
que me assalta a luz
na procissão desta multidão
que me acompanha a nudez…

se tu soubesses (e desejasses)
cobrir-me os pés
com as cores que a primavera evoca…

não seriam necessários rios
nem socalcos
porque o amor brotaria

e só haveria felicidade
nas canções
que não escutas,
nas palavras
que não lês…

Rosa Alentejana Felisbela
13/04/2017
(imagem by Leonid Afremov)

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