quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Da poesia contrafeita


Incomum é o nevoeiro nas palavras
abandonadas há muito
e a sua visibilidade por dentro da alma

há o momento obsceno de malícia
que continua a estropiar
as entranhas em plena bruma

e uma ruina interior
calcando a calamidade no olhar
com sintomas atónitos de vertigem

pede ao sol que venha acender-se
e arder suavemente no peito
porque a semente precisa de germinar

ou guarda o grão nas águas-furtadas
da imaginação, junto das palavras
para eu não morder o veneno

porque os passos precisam
atravessar a ponte contrafeita
da poesia, enquanto a esperança ascende
à luz precária do sonho

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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