domingo, 12 de abril de 2020

Grito de amor


Há um grito
líquido
na minha boca

Um azul de mito
límpido
pela minha roupa

Escondo as mãos
lavadas
na tua maré

No universo, um trovão
na linha
da ausência - a fé

Um momento ficou
num recanto
onde o horizonte pecou

O teu colo quente
de espanto
surpreendido suspirou

Com o calor da fala
desejada
que enfim se calou

E no beijo rouco
p’lo abraço
que a saudade traçou

O tempo suspendeu-se

No perfume a açucena
da flor
que perdeu (uma pena)
a pétala
o estame

Sabendo que no mundo
não há mais ninguém
que assim
te ame

E o tal grito de encanto veio
e na tua direção
se soltou!

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
12/04/2020

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