quarta-feira, 22 de abril de 2020

Desalinho


As minhas linhas desistiram de dar recados às letras. Agora, empurram o sono da mágoa para a beira do papel.
A borracha apaga aquela mancha de desilusão do dia que passou sem vento.
Nem sei se realmente existiu esse dia. Risquei com o lápis a data cega de raiva. O futuro não se fez rogado quando a ausência de espalhou nas entrelinhas. Um buraco enorme surgiu nesse lugar. Naquele momento lembrei-me que devia ter retirado as luvas. O confinamento desligou-me alguns neurónios, e a paciência, de dedo em riste, acusa-me de traição! Preciso de um caderno terapêutico novo...Ah! E uma amnésia nova (comprada na feira da ladra)!
- Por favor, não me deixes escrever mais! peço ao meu cão...E ele olha-me com um ar de espanto inocente.
Definitivamente, estou a desafinar a canção que mais amo. Não vale a pena cantar...
Rosa Alentejana Felisbela
22/04/2020

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