sábado, 28 de novembro de 2020

sorte

Raspa o código de barras Descobre o número escondido Homem sim, homem não Acerta na lotaria Fica com o teu quinhão Desflora o malmequer Hoje sim, amanhã não Oferece a flor A quem merece a cor Rubra Paixão Escorrega o óculo Não vês o ósculo? Aperta a mão Felisbela Baião

sábado, 21 de novembro de 2020

taciturno

Tenho um sol taciturno no olhar de brumas turvado e uma necessidade de ombro momento, etapa, turno na escada da vida partilhada subo e sento-me cansada novelo, enredo emaranhado e um naco de pão congelado aguardando carinho, encurvado… Felisbela Baião 21/11/2020

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

não perdoa

Sopro as palavras da mão Voam agrestes pelo ar Ardem na ferida como limão Gemem esmorecem revivem O coração a sangrar São medidas mesmo ao jeito Do sermão e cabem justas no olhar Quase a rasgar São lágrimas a que não vergas Conheces o som ao cair Sabes-lhe o perfume e o paladar Reconheces o erro ortográfico Mas não as queres rasurar Desafio o lápis que trazes A corrigir o poema A borracha estará pronta Para apagar a trama, sem pena Dó ou piedade… A idade não perdoa! Felisbela Baião

terça-feira, 10 de novembro de 2020

sou e serei

Apanho o resto do rasto Deixado pelo teu feitiço Uma tocha, uma pedra, uma faixa E coloco tudo no lixo Sou a besta bestial que te foi fiel Que te adorou no pedestal A santa impura que atiraste Para a igreja no funeral Sou a caixa de Pandora nunca aberta por fora Mas por dentro destilo o veneno Que me mata devagar Sou a sorte e o azar Mas nunca duvides que te amei Até me lambuzar Guarda o frasco do perfume, mais o lume E podes arder que nunca mais Te irei apagar! Felisbela Baião
Um anjo beijou faces em lágrimas E de joelhos acariciou as costas num abraço de tréguas Seu hálito aqueceu mãos frias dolorosas e aí deixou um ramo de rosas Felisbela Baião 10/11/2020

ao meu lado

Que bandeiras e espadas Que alegrias e ódios Se soltam das tuas asas Quando nem sequer te toco Que vontades e chamas Se alimentam quando Te evoco Que caminhos Que montanhas Se elevam no compromisso No castelo de sonhos Se chegas sem aviso Mas que voo tão sonhado Que engaste mais desejado Quando és o meu abrigo E te trago para o meu lado… Felisbela Baião 08/11/2020