segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Perfume a maçã madura

Há um perfume
à flor da macieira
na pele madura
do teu corpo:
amo o poema saboroso
que me fica na boca!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

sábado, 28 de outubro de 2017

Por ti esta cegueira das palavras


Quantos Cupidos amorosos e setas
gastas nas costas das nossas mãos,
se as palavras ficam cegas
quando me lês e me tocas fundo no coração…

Para quê escrever histórias
ao compasso ultrapassado do tempo
se são as nossas memórias as mais lindas que invento?

Desfio o fio da vida pelas linhas interrompidas
e recolho as afrontas de que me arrependo
como se o espelho tivesse o alento de apagar as despedidas…

Se és digno e meritório e somos simples mortais
desconheço a mudança desta hora
de queda de folhas outonais…

Os ponteiros do relógio devem estar sincronizados
e a contagem decrescente deve iniciar o momento
em que estamos frente a frente, seguindo depois lado a lado!

Rosa Alentejana Felisbela
28/10/2017
(imagem da net)

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Abissal


Sinto o sabor
da verdade
coalhada

e a cal
doce e ardente
indiferente
na amurada

o aroma
da chuva
movendo a pena
mordendo a pele
arrepiada

os dentes
da solidão
presos na pressa
como presa
de animal

e a gula pelos beijos
a sede sem pejos
e a fome infernal

buscando o corpo
amado
numa saudade
abissal

Rosa Alentejana Felisbela
27/10/2017
(imagem da net)

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Rasgarias tu o poema?


Sabes, sonhei em rasgar o poema. Rasgaria em fitas ou faria foles para acender o pavio dos desabafos. Rasgaria, à cautela, todas as letras, vogais vagas e consoantes consoante o burburinho formado, precavendo a resolução final. Só guardava uma palavra, para saborearmos juntos, à beira do beijo largo. E com o som soberbo do afago da lira embriagada à nossa volta. Então, fluiriam palavras bailarinas num “plie” ofegante de cópulas, tudo feito pela procriação de um poema decente aos olhos atentos da dança…Depois? Descansarias nos meus braços, embalado pela letargia da ternura, adormecendo cansado da volúpia do mito que criaria à nossa volta. Voariam os restos ao sabor da brisa dos verbos abertos. Precipitar-se-iam rituais de consolo pela inspiração do momento…Mas no final, rasgarias tu o poema?

Rosa Alentejana Felisbela
26/10/2017
(imagem da net)

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A ti Poesia


Há um clamor
de palavras vazias
em torrente

digito a tinta

sei-a de cor

e o papel chora
vilanias em pedra

em seixos lisos
feitos de esperas
sempre a chegar

como rios rebeldes
abertos
de par em par

e a soma de todas
as letras
são poemas pobres

podres da seca
onde me vou debruçar

retomo a margem
e segredo o segredo
que a ninguém vou revelar:

- amo-te num tom rosado
safado e peculiar

mas a água arruma
o que o rumo toma
e nada altera

Todos choram algum dia
toda a pedra desaparece
todo o rio corre
até chegar à Foz
e desaguar

E as palavras?

São rios, são pedras
são silêncios e vícios
crescendo nas margens
da memória
sem lugar

Rosa Alentejana Felisbela
25/10/2017
(imagem da net)

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Será?

Será que te conheço?
Alguma vez te conheci?
De repente o mundo parece
tão grande e o meu "quadrado"
resume-se a um simples grão de pó...
Tenho uma gota na palma da mão,
e um pensamento disforme que me dói.
E a angústia da lâmina a cortar-me a pele...

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

domingo, 22 de outubro de 2017

Equilíbrio


Se o egoismo pagasse imposto,
muita gente já teria ido à falência.
O amor é o caminho mais simples. Acham caro?
O melhor é pagar para ver até onde vai a hipocrisia...
Seja qual for o correto,
cá estamos para mais uma semana
de "corda bamba", a tentar o equilíbrio.
Que seja, pelo menos, alegre!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Caminho de terra


Desde o caminho
de terra
bem calcado

subindo ermos
declives
picos sem ar

sobe o calor
por frestas
pequeninas

encontrando fendas
e lugares
desconhecidos
nublados

até que o orvalho
assoma
à mata de odor
maravilhada

e se solta a seta
do arco
repentina

que a prumo
se enterra
na terra molhada

Rosa Alentejana Felisbela
22/10/2017
(imagem da net)

Não prometas...

Claridade


O meu corpo
é campo
de tojo e esteva
bebendo bagas
de descaminhos
triturados pelas trevas

e toda a noite
é noiva
que me veste
espelhando tristezas
no véu bramindo
lágrimas
de ribeiros bravos
entre as pedras
do destino

mas o perfume
do orvalho é luz
que procuro
ao compor
uma aurora
mesmo antes
de um suspiro
me enlouquecer

Rosa Alentejana Felisbela
22/10/2017
(Quadro de LOUI JOVER)

sábado, 21 de outubro de 2017

Silêncio: ação!!


Cansada dos vis cartéis
tramando as vidas populares
e das corjas em contratos
de milhões
esquecendo os pobres sem lares

Cansada dos riscos máximos
só protegerem as infraestruturas
mas os seguros caros
não cobrirem as vidas mais duras

Cansada de lucros para alguns
e também das manipulações
das estatísticas e das cabalas
e de não haver concretas
decisões

Triste com os suicídios
e com a atual emigração
zangada com os políticos
que só fazem “artigos de opinião”

Triste com o levantar
das “cristas” e com o cair
das “máscaras”
porque não é só a indignação
que constrói casas
e mata fome e mágoas

Todos nós reconhecemos
a tragédia das gentes
na televisão
e de lágrimas nos olhos
todos somos condolentes

Mas quem tem bolhas nas mãos
e a única roupa no corpo
faz de fénix para a recuperação
aguardando a solidariedade
para renascer o que ficou morto

Falta tanto, falta tanto!
E a reorganização do território
nacional, e o reflorestamento
e a limpeza e o vigilante florestal…

Então e a higiene mental
e bucal e alimentar?

Que chegue a todos nós
a esperança
criando melhorias de vida
e alterando de facto
a educação
e o rumo de Portugal!

Rosa Alentejana Felisbela
21/10/2017
(imagem da net)

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Ermo


Suspendo o cálice
para que a sede morra
por dentro da carne

Suspendo o pão
para que a fome cesse
na masmorra do sangue

e bebo o vento
e como o cheiro a terra
molhada

na prisão
só as grades iluminam
a solidão cansada

20/10/2017
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Poema inacabado


Mais uma vez
mordo o silêncio
da falta que me fazes

és fruta madura
corpo ausente
que não trazes

filamento
aceso na luz baça
do passado

fome que não cura
choque perverso
na língua quente

sílaba dormente
em poema inacabado

Rosa Alentejana Felisbela
18/10/2017
(imagem da net)

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Analepse


Há tanto tempo que não falamos! Passaram horas, dias, meses, anos? Não me recordo do tema da última conversa. Foi em prosa ou em verso? Trazias nas mãos uma rosa, ou um “bouquet” completo? Parece-me que fiquei com uma pétala juntinho ao coração. Era uma pétala vermelha, da cor do sangue que corre descompassado nas minhas veias sempre que te aproximas. Era uma pétala perfumada. Sim, tinha o perfume de um dia inteiro no quarto e uma vida inteira na lembrança. Era uma pétala cristalina que me deixou os olhos rasos de alegria e tantas frases nas mãos! Lembras-te das entrelinhas daqui até à lua? Era o nosso caminho feito de cassiopeias mágicas e mantos sagrados de tantos segredos. Para nós havia apenas o céu e o brilho das pedras de algodão doce que pisávamos junto à margem entre o sonho e a realidade. Sim, havia um sonho. Só não me recordo se o sonhei sozinha ou sonhávamos ambos em cores diferentes. A música permaneceu sobre a trovoada e a toada dos versos continua a encantar-me os sentidos. Ah! Agora sim, lembro-me que foram versos que me cantaste na tua voz de arco-íris, enquanto eu olhava o poente pleno de mel por trás da barragem. Se a memória não me falha, disseste “adoro-te” e beijaste-me até que escureceu. Como poderia esquecer-me do tema da conversa? Falámos sobre o universo. Aquele que conspira a favor de um amor muito maior. O meu sorriso é para ti.

Rosa Alentejana Felisbela
18/10/2017
(imagem da net)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Deserto de nada


Arrasto as palavras
lentamente

da poeira dos versos
bebo um trago

e das mãos calejadas
- a semente -

alimento a lembrança
do corpo - o abraço -

queria que florescesse
pelo campo

o poema renascido
da esperança

mas resta o restolho
queimado

- a dor lancinante -

e um campo deserto
de nada

Rosa Alentejana Felisbela
17/10/2017
(imagem da net)

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Desconcerto


Desdobra-se o calor
de norte a sul
num origami medonho

Lambem as línguas
o sangue; o verde; o azul
- sem dono -

E o céu tristonho
qual gigante Adamastor
num abraço compressor

à palha seca
à terra exangue
à impotência

E a míngua d’água
patente nos olhos rasos
da gente perdida em derredor…

Rosa Alentejana Felisbela
16/10/2017

domingo, 15 de outubro de 2017

Cidade de pedra


Na cidade vestida de frescor
procuro o caminho
de outrora

e a neblina
devagarinho
vai mordendo cada pedra

cada poro do meu corpo
- os meus olhos -
hora a hora

passo pelas pontes
acariciadas pelas mãos
do antigo escultor

e na lembrança
a fonte que não medra
perante tanta dor

descubro que a raiz
do orvalho nos meus olhos
és tu – pensamento sonhador

Rosa Alentejana Felisbela
14/10/2017
(imagem da net)

sábado, 14 de outubro de 2017

Tons corretos


Não me fales na música
acuada de tantos orgasmos
na lombada do livro

fui eu que li
foste tu que escreveste
e ambos a escutámos

de um lado a morte
dos sentidos febris

do outro a queda
dos abismos pueris

e o banco do jardim
incomparável poema
que sorri

albergue dons tons
corretos
que devias colocar no lugar

e aquela voz
que sempre sugere o beijar…

Rosa Alentejana Felisbela
11/10/2017
(imagem da net)

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Nascente


Sempre foi doada
a amorosa paciência
às palavras

e à lentidão das searas
olvidadas a dolência
sem voz

sempre foram
abraçadas as pausas
excessivas

e serenados
os dias de sofreguidão
atroz

mas sublimaram-se
as cores dos cardos
e apagou-se o odor dos nardos

e atravessaram-se no azul
os negros pássaros
como um esboço de sorrir

e o fulgor fatigado
das filas dos eucaliptos
como abraços elevados ao porvir?

Ainda é tão cedo
para ceder ao degredo
à beira do poço dormente…

só é preciso uma sombra
onde adormeça a pomba
na paz da fonte a correr…

12/10/2017
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Tempo de outono


Neste outubro
caiado e duro
que jorra ao fundo
do muro…

dobra-se o tojo do orgulho
em sombras secas
de saudades

sobem heras
de demoras
e trepadeiras
equivocadas
na brandura das manhãs

e os lírios enroscados
choram sobre a doçura
por um futuro orvalhado
para as romãs

e nem os ouriços
se esforçam
pela queda dos fatos
numa certeza temporã

existem frutos
amendoados
nos olhos tristes
e cansados
no mosto da sorte órfã

e não há vinho mais puro
que aquele que é bebido
dos lábios maturos
de um amor sincero

mas se o outono se esconde
como pode o verão sair
e a frescura voltar
a confluir para o rio?

Rosa Alentejana Felisbela
12/10/2017
(imagem da net)

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

vinho


"e não há vinho mais puro
que aquele que é bebido
dos lábios maturos
de um amor sincero"

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Meia-luz


A razão perdeu os lábios
na beira da estrada
danificada

e a saudade vive
nas asas do pássaro morno
agonizante de solidão

foram voos sem justiça
rasando as searas brancas
de girassol

e o ciclo sazonal
não foi concluído por falta
do sol

abre a barra e acende o farol
e por um momento
embarca na verdade

ou não há palavra
capaz de conduzir um poema
nem que seja a meia-luz?

11/10/2017
Rosa Alentejana Felisbela

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Mágoa


Se a mágoa falar mais alto,
grita o teu silêncio
e aguarda o murmúrio da lágrima.
Depois, antes de dormir,
sonha cada palavra.
Só depois deves falar...

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

O aconchego da terra


Quem me dera banir
o vento das folhas
e definir as cores
que devem abrir

não me conformo
com a queda diligente

sinto o cruzar
do enlace na seiva
morno, evidente

e a raiz que definha
lentamente
é a razão
para a terra aconchegar…

Rosa Alentejana Felisbela
11/10/2017
(imagem da net)

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Na palma da mão


Se o enredo é meu
porque me curvo e cedo?

Ainda é tão cedo
para a calvície das rimas

Ainda é tão cedo
para as letras que alucinas

Há um torvelinho místico
na raiz da fonte do medo

e com ele o fado do degredo
em que o poeta se deita

E não há paz não há hipérbole
capaz de reconfortar a alma

apenas o pedaço de papel
já gasto de tanto mel e fel

na palma da mão…

Rosa Alentejana Felisbela
16/09/2017
(imagem da net)

Mar e mar


Mar
que vens
mar
que vais
mar
que fias
espumas
mar
que levas
mar
que trazes
revoltas
tamanhas
em forma
de dunas
mar
que desatinas
mar
que afagas
mar
que a retina
restringe
ou dilata
mar
de prata
mar
que mata
de saudade
ingrata
mar
que cega
mar
matreiro
mar
de bruma
mar
que amaras
junto ao cais
mar
que afogas
o marinheiro
sem nada
lhe dar
mar
de ondas
uma
a uma
que vem
e que vai…

12/08/2017
Rosa Alentejana Felisbela

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Pedra


Foste vento
foste vaga
foste pedra
violenta
batendo
de cais
em cais
areias
e areais
doces dunas
camas reais
voltando
depois ao mar
vento
de novo
vaga
de novo
pedra
violenta.

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

domingo, 8 de outubro de 2017

Céu ou mar


Murmuro nuvens lentas
e brisas quentes
e cirros

Grito ondas turbulentas
seixos lisos, e limos
frios

Sei o lume vagaroso
que o sol traz
no poente

Sei o estreitar
dos olhos no azulado
horizonte

Mas conheço
a mansa vontade
das mãos do trovador

só não sei se é vaidade
voar ou naufragar
nas tuas mãos, meu amor…

Rosa Alentejana Felisbela
08/10/2017
(imagem da net)

Inexplicável


Toda a arte é um gesto de amor.
Dos dedos ao barro
há a distância
da arte de moldar.
Quando o amor acontece,
o molde irradia doçura
e fica um perfume
inexplicável no ar!

Rosa Alentejana Felisbela
(obra “chamego” de João Borges)

sábado, 7 de outubro de 2017

Inutilidade das linhas


Fia a fiandeirinha
finamente as palavras

forma frases coloridas
forma frases sábias

Fia o fio finíssimo
e acende a porfia

forma frases belíssimas
forma frases bem vadias

Mas fia e vai fiando
molhando o fio nos lábios

talvez se pique na roca
no mundo rude dos sábios

talvez as suas palavras
fiquem presas nos alfarrábios

Foi num dia de outono
que percebeu a inutilidade
das linhas…

Rosa Alentejana Felisbela
07/10/2017
(Obra jean françois millet)

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Que arte tens tu, amor?


No lado do azul
lambo os nossos sonhos
doces como o sul
com sabor a gelado
de verão

No lado do amarelo
trinco o abraço quente
e singelo
como o sabor da canela
que tem a praia trigueira

E dentro de mim
fico feliz por me lembrar
que os pés nus calcam
marcando o caminho
que se apaga com o mar

Amo a barba mal aparada
dos sargaços
e a falta de cabelo das dunas
mas a maré parada
leva para longe as loucuras

São as artes que o mar
transporta:
numa mão o querer
na outra o desejar
e um entendedor só pode amar
se souber dizer:
- amo o teu paladar!

Rosa Alentejana Felisbela
06/10/2017
(imagem da net)

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

caminho


Continuo firme no meu caminho...
embora fique na linha
que separa a saudade que pisa
e o passeio que serena :)

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Corrosivo


Sobre a porta fechada
há um silêncio corrosivo
que bate desenfreadamente
segurando a desordem no batente

Ali mesmo, rente ao número
conhecido, a extinguir-se,
salienta-se a fundura da sombra

Ainda não sabe, nem conhece
o anel de fogo do sol
ou o branco ditoso
do perfeito lençol puro

Vai morrendo
sentado na pedra molhada
envelhecendo
do limiar daquela entrada

E o rumor do trigo de outubro
vacilante no espelho d’água
do poço defronte
extingue o rosto junto aos juncos

A queda
do sorriso que a boca encerra
seca a terra pela frincha
da fechadura…fatigada e só!

04/10/2017
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

terça-feira, 3 de outubro de 2017

sonho rosa


Que cada sonho seja
cada gota de orvalho
na rosa da vossa vida!
Recolham-nas
e preparem o perfume
de cada dia!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Rasa-me os sonhos


Rasa-me os sonhos
com mãos de luvas
temperadas de mel
para não haver qualquer ruído
que incomode o sabor
da falta que me fazes!
Prometo derreter-me
no oásis que o rio chorou
quando partiste
e eu não sou mais do que
uma página para leres
em silêncio, suave
e docemente.

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

domingo, 1 de outubro de 2017

Lapso de tempo


O tempo
deitou a palha
na planície
qual toalha

onde
o rebanho ruminou
a mortalha do verde

o vento, barulhento,
farfalhou
levantando fagulhas
do momento

e o calor atiçou
o breve encandeamento
de um olhar

esse que deslizou
numa ausência
tão presente
quando disse:

- Estou a chegar!

Rosa Alentejana Felisbela
01/10/2017
(imagem da net)