rochas

Os meus olhos embateram nas rochas,
como muros construídos à poesia,
e ainda agora a água,
salgada de sal,
me arranha a pele
do nascer ao fim do dia.

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

gaivotas

Fiquei neste cais vinhateiro
à beira das palavras revoltas
como ondas
em dia de temporal,
e as sílabas de gaivotas (tontas)
gritaram de saudade atónita
no meio do vendaval.

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

recomeços

Às vezes, os escombros possibilitam novos recomeços!

(fotos minhas)

lugar

Tantas ondas
tantas vagas
e o teu lugar aqui...
certo, a meu lado.

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

instante

Abraça-me assim,
devagarinho,
como quem sonha de mãos
dadas com
o mel do por do sol
(apenas um instante)!

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

coragem

Quantas escarpas teremos que subir?
Quantos saltos teremos que dar
para o abismo?
Desde que o fim seja o desejado...
pouco importa!
Desistir é para fracos!
Haja coragem!

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

beijo guardado

"Num único beijo saberás tudo aquilo que tenho calado."

PABLO NERUDA

(imagem da net)

palavras

E as tuas palavras são foz atormentando
as minhas sílabas
desaguando suspiros à luz da lua
adormecendo-me depois a deriva...

Rosa Alentejana Felisbela

coração

Se as letras pulsam
ao ritmo do coração,
o poema
é plena arritmia
dos sentimentos...

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

futuro a chegar

O passado é importante, mas não volta...
olhemos em frente!
O futuro vem lá...coberto de sonhos!

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

licença para viver

Tantas vezes libertas o grito que sofoca
que a liberdade te convence que é ela que comanda!

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

últimos raios

Já o negro vem pintando os cumes que as árvores exibem
enquanto se esfumam os últimos raios de luz
entre as colinas e as águas cristalinas...

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

contraluz

Delicado pousar na contraluz que nos envolve a imensidão
e um murmúrio de mar crente na exata solidão...

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

"por de mel"

Pura filigrana moldada no horizonte, escrevendo
as letras delicadas do teu nome: mel.

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

silenciosamente

Há um silêncio pousado entre as nuvens suspensas
que reflete o azul das águas junto às pedras
negras, de saudade, transparentes...

Rosa Alentejana Felisbela
(foto minha)

da infância

Desconheço porque escondes
as mãos nesse gesto mimado…

o sabor escondido

as faces lambuzadas

um sorriso de inocência
traquina que desarma

as escoriações por trás do bibe
na zona do peito…

ambos sabemos da transgressão

das marcas grudadas às mãos

da língua a saber a proibido…

há algo dócil escorrendo
pelo olhar guloso…

será amor ou um chupa-chupa
do tamanho do sol?

E a pergunta persiste:
vamos repetir?

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

a saudade

melancolia

Melancolia: palavra incapacitante.
Placebo: abraço sincero.
Esculpido da natureza.

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

Pétala doce

Perpétuos voos se evadem
perante a mística música
dos gansos
em debandada

As árvores, despidas, gotejam
momentos
num recorte negro
no céu cor de chumbo

Um orvalho recente, acumulado
nas ervas
embriagadas de trovoada
desce suavemente para a terra

E um verso melancólico
acolhe-se
por entre as memórias
das asas
de um chá quente de ilusão

-é a tua voz a pétala doce
da infusão que me falta!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

porta

Quero a porta aberta
para a tua poesia,
só assim compreendo
as entrelinhas das páginas:
a minha doce fantasia!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

pássaros

Caminho pelas nuvens
e sigo o trilho dos pássaros
na plenitude do rumo que tem o amor...~

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

lágrimas

Pudesse eu segurar
na mão todas as lágrimas,
que não choveria
nos olhos de mais
uma única pessoa!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

mosaico de saudade

esteva

Estive tão perto da esteva
que a sua memória húmida
desposou o meu olhar
em gotículas perpetuantes
de uma seca estival...

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

impulso de saudade

Saudade é o ato contínuo
escondido na pele,
mas exposto nas borboletas
rubras que o rosto deixa voar,
sempre que esses olhos
afloram o pensamento...

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

"Love me like you do"

Para quê pensar,
se o mar é toda uma memória
doce e melosa?
O momento é agora!
A melodia é a mesma de sempre...
"Love me like you do"

amor eleito

Fiel o traço cruzado
sobre o peito
e a oração – eterno pecado? –
rezada à beira do leito

nove novenas entrançadas
em rosários nos dedos
– membranas palatinas
a salivar –
por meloso hálito
em franco trejeito

Fiel a nave que sustenta
o nado livre das entranhas
– amor mor calado e quedo –

Fiel ao jugo da curva
da boca de amor-perfeito
– assim se julga
e aguarda o proveito –

Fiel aprumado
– florido e encantado –
num ideal distante
ou num abraço refeito?

Levanta a âmbula
e liberta os óleos santificados
nas pétalas rosadas
– meu amor eleito!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

sol e lua - o mesmo caminho

Vazia de esperança
sem palavras para tricotar
rosas perfumadas

sucedem-se os cirros
-lembranças nubladas-

e tu...num sorriso
contemplando o pó
sinuoso
do caminho só
que enveredam as estrelas...

quantos sonhos
se tornam realidades?

de quantas luas
precisam as nossas metades?

que os lábios soletrem
apenas palavras paralelas

e que a bonança
seja o caminho da nossa idade!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

caminho

Pé ante pé
perfaço o caminho
-abraço enluarado
por preencher...

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

imaginas?

Imaginas a falta que me fazes?
O sabor doce e quente nas veias
quando me tocas os lábios?
O calor a subir até ao rosto...as mãos
desejosas?
Sorrindo...peço mais um chá de canela.

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

beija-flor

Se o sabor doce
transtorna os nervos sensitivos,
volta à flor...é ela o efetivo impulso
rumo ao verdadeiro amor!

Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)