quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Flor


Por entre o arvoredo, o seu corpo andava cansado. Não porque fosse tarde ou cedo, mas pelas lágrimas tristes ou pelo enfado. Ao longe viu uma clareira, e um belo manto de erva macia. Desejou tê-lo à sua beira. Calou o pranto, deitou-se e quase o sentia. Abriu os braços na relva, experimentou um perfume a terra e a rosmaninho. Escutou o canto das aves e dos filhos nos seus ninhos. Fechou os olhos e viu o rosto lindo dele. O seu coração floriu, a sua boca ficou sorrindo. No meio daquela erva, foi pétala, estame, carpelo. Deixou-se polinizar. Sentiu as mãos dele no cabelo. Mas o vento não gostou. Levantou-se e o perfume varreu. De repente ela abriu os olhos e o sonho desapareceu…

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
26/02/2020

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