segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Coreto


No meio, bem no centro
havia o coreto
de teto desgastado
pelas intempéries
muito quieto
sobre algumas colunas
enferrujadas
e as escadas
feitas de pedras
puídas e encaixadas
no farrusco corrimão
levam até às flores murchas
plantadas em redor
lembrando tantos versos
alguns de amor
de mãos entrelaçadas
e olhar feliz
mas esta é a hora
das folhas acastanhadas
caídas e pisadas
por quem passa
sem ver a graça
de outrora
só o felino caça
uma borboleta
e lambe as patas
erguendo de forma discreta
o corpo maleável
rumo a um canto
banhado de luz
que o acolhe no sono
enroscado da meia sombra
em contraluz…
Sopra a brisa da saudade
e emaranha-me os cabelos
na vontade
que o tempo passou…

Rosa Alentejana (Felisbela Baião)
16/02/2020
(imagem da net)

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