sexta-feira, 10 de junho de 2016
A força de um poema
Conheço o mundo segredado
pelo calor de agosto
mas a soma de todos os medos
magoa-me os sentidos
e oferece-me uma inércia que dói,
uma dor tão profunda
quanto o mar…
e descanso os olhos sobre a janela
do cansaço…
dirijo-me à porta da alma
e vejo que chove
um silêncio de gotas minúsculas…
saio e rasgo o vestido
desbotado, de costuras
cosidas a linhas pobres…
recebo cada gota
no milagre da minha pele
de braços abertos
num abraço único e só meu
e danço de pestanas cerradas
a música que tropeça
na saliva da minha boca,
e sinto-a percorrer
a valsa plana
nas curvas das minhas margens…
danço o feitiço das horas
germinadas na minha vontade
como num mergulho sem mar…
danço o impulso do sorriso
que a felicidade emana do perfume
a terra molhada
de uma sofreguidão lânguida…
e sinto-me feliz!
A escuridão oculta as angústias
e a chuva lava-me a flor de sal
que encubro na pele…
adivinho o planeta
que as mãos aconchegam
no vinho da embriaguez
que tem a força de um poema!
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)
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Cosem-se com pobres linhas,
ResponderEliminaros mais lindos vestidos rasgados
à janela com vestidos não decotados
em tempos idos namoravam as meninas!
Escondiam a sua beleza,
como se algo fosse proibido
não havia como hoje clareza
porque tudo era mais sombrio!