segunda-feira, 19 de novembro de 2018

A alteração


O final da história...

O assistente operacional da Academia levantou-se da cadeira, assim que a Lena entrou. Cumprimentou-a com a cortesia habitual, e ficou a admirar as suas formas, assim que ela lhe virou as costas, a afastar-se para a aula de “pilates”.
Segundos depois entrou Carlos, com o seu saco de desporto, dirigindo-se aos balneários para trocar de roupa e encaminhar-se para a aula de “body combat”.
Ambos estavam desconcentrados inicialmente, mas com o decorrer das aulas divertiram-se e relaxaram.
Foi no corredor que o som das vozes foi abafado. Foi entre uma porta e outra que o mundo sucumbiu.
Foi no exato momento em que Lena saía, a conversar e a rir com colegas, que o marido a agrediu. Agarrou-lhe o “rabo-de-cavalo” e tentou arrastá-la para a rua. A sua violência verbal e física foi brutal e rápida. Ela, atónita, nem reagiu. O seu corpo batia nas paredes sem oferecer resistência.
Valeu-lhe Carlos, que se apercebeu da barbárie e empurrou o marido. Valeu-lhe Carlos que não ficou indiferente e o agarrou e colocou na rua. Valeu-lhe o assistente operacional que fechou a porta e chamou as autoridades. Valeu-lhe Carlos.
Quando ambos se olharam, Carlos reconheceu-a, abraçou-a com um abraço amigo, compreensivo.
Lena chorava agradecida. Entendia agora as reações do marido. Era aquela violência contida que a assustava. Não queria alguém de génio brutal a seu lado. A sua vida iria ser modificada a curto prazo.
Carlos procurou tratar das feridas externas de Lena. As internas demorariam um pouco mais, mas estava disposto a ajudar.
Voltariam a encontrar-se muitas vezes naquele local. Carlos estava otimista, mas não feliz. Vê-la triste e a passar por uma situação tão delicada, não era a sua forma mais apreciada de aproximação. Mas estava satisfeito por ter decidido, na semana anterior, ir para aquelas aulas, justamente na Academia que ela frequentava.
Lena estava destroçada, mas os colegas iriam ser suas testemunhas na acusação contra o marido. Nessa noite não voltaria para casa, mas para junto de amigas no domicílio destas.
O tempo seria o amigo de que precisava para refazer a sua vida…

Rosa Alentejana Felisbela
19/11/2018
(imagem da net)

Sem comentários:

Enviar um comentário