domingo, 21 de junho de 2015

Solstício de verão


Entre duas vidas conquistas o espaço
passado entre os lençóis
(onde ficou vazio o lugar dos super-heróis)
e resgatas o vestido da lua perplexa
de insanidade, enquanto a boca
muda de desejo se cala perante
a história secreta…

Desconheces-lhe o final
ou se nasceu para morrer nos lábios
no desassossego dos sonhos

Desidratas as horas quando não há
sintonia astral com os olhos
e ficas refém do infinito “durante”
em que as estrelas e os trilhos trocados por elas
se cruzaram perpendiculares e se afastaram
paralelas, sem nunca se tocar…

Há um ponto móvel coberto pela sombra
que se derrama na saudade
e outro ponto imóvel de luz que não abre
a mão da realidade desconexa…

Confessas a palavra envelhecida
naquele poema intocado da manhã
enquanto mergulhas no mar aberto
e livre e solto dos cabelos prateados
de vento, mas jamais a terás por perto
e a verás crescer e multiplicar
como rebento só vosso
no primeiro suspirar…

Recolhes as letras, guardas as sílabas
e fechas o dicionário empírico do coração
sem querer olhar mais a página feliz
que ainda dói nos rabiscos pueris
enquanto as escadas tristes são descidas
simplesmente…

Solta-se o grito da razão
ainda que soluces poesia nas asas da vida
e que o desmoronamento
seja momentâneo
porque o sol agita-se ao longe
num amor desmedido
e tamanho…

21/06/2015
Rosa Alentejana Felisbela
(imagem da net)

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